A oportunidade surgiu por acaso. Peguei o elevador para subir e ele já estava lá, no canto. No meu prédio não tinha essa coisa de elevador de serviço ou social, era tudo misturado. Eu estava à paisana, é claro, e fizemos de conta que não nos conhecíamos, é claro. Principalmente porque havia outras pessoas no elevador. Admito que fiquei meio sem jeito. Mas eu sabia que ele também ia para o último andar, já que em geral eles trabalhavam no topo do prédio. Quinze andares, como demorou. E só no 12º ficamos a sós. Comecei:
- Você sumiu.
- Muito trabalho.
- Não tem tempo pra se divertir?
- Só no fim de semana.
- E à noite?
Descemos no meu andar.
- Você não quer entrar? - arrisquei.
- Não posso, vão sentir minha falta.
- Depois do trabalho, então.
- Hoje não posso.
- Amanhã?
Ele parou, pensativo, olhando quase que para o chão. Decidi jogar mais pesado. Cheguei perto dele:
- Comprei um vestidinho novo, uma gracinha, todo florido. Gostaria de usar ele numa ocasião especial. - Ele ficou visivelmente desconcertado. Se viesse com outra desculpa, eu com certeza ia perder a paciência e mandar ele à merda.
- Tá bom, amanhã - consentiu finalmente . Respirei aliviada.
Entre ansiosa e nervosa me preparei para o grande dia. Fui às compras. Só queria roupa nova para o nosso encontro. Mas decidi não exagerar. Não queria espantar o rapaz. Comprei o tal vestido floral (claro que era um blefe), já que era verão mesmo e o clima pedia algo leve. Uma calcinha fio dental azul piscina com rendinhas, uma gracinha. E um par de sandálias com salto baixo, mas com uma tira sobre os pés que davam um efeito bem sensual. Além disso, usar um salto alto à noite era briga com vizinho na certa.
Para finalizar uma peruca de cabelo preto e ondulado, mas não muito comprida. Era a primeira vez que comprava peruca na loja. Sempre tinha comprado pela internet. No dia seguinte completei a fantasia. Me depilei, fiz a unha e pouco antes da hora marcada me maquiei com muito capricho. Tudo muito discreto. Optei por esmalte vermelho, mas de um tom bem escuro. Quando coloquei minha roupinha nova, adorei. Estava leve, discreta e sensual ao mesmo tempo.
Enfim a campainha tocou. Me deu de novo aquela sensação de "não tem volta". Mas quando abri a porta e ele apareceu sorridente, o nervosismo passou e comecei a agir mais naturalmente. Ele não. Apesar do sorriso, logo vi que estava pouco à vontade. Eu ia precisar rebolar (talvez literalmente) para quebrar o gelo. Felizmente a geladeira estava cheia de bebida e já fui logo abrindo uma cerveja para tentar deixá-lo mais descontraído. Sentamos no sofá, um do lado do outro. Me apoiei no encosto, dobrei a perna esquerda sobre o sofá e cruzei a direita por cima. Minha coxa desnuda ficava bem à vista. Ele só olhava de canto de olho.